31 de agosto de 2010

Escreva Keila escreva


Não ando nada bem. Passei as duas últimas semanas e mais essa, trancada em casa, com janelas e cortinas fechadas, tentando fugir do barulho da betoneira e dos olhares dos pedreiros que estão refazendo um muro no meu prédio.
Meus dias resumem-se em dormir tarde e acordar tarde. Vesti a camisa de “aquela que era mulher de verdade”, organizo a casa, ligo a máquina, estendo roupas, penso no jantar, que meu marido costuma dispensar. Fico por mais de sete horas na internet, navegando entre um site de emprego e outro. As vozes da tv são minha companhia.

Quando meu marido chega da faculdade ele espera encontrar uma mulher bonita, cheia de energia, sorriso no rosto e amor pra dar. O que ele tem encontrado é uma Keila que sente-se inútil, que não é mais decorativa e que embora, se esforce para passar o mínimo de contentamento, muitas vezes não o faz.

Ele, inculpado, acostumou-se com o meu lado de luz: pau pra toda obra, companheira de cama, banho, mesa e bar. Não convive bem com esse meu lado obscuro (e quem conseguiria?)... cobra sorrisos e concluiu que minha auto-estima está no pé e que me transformei numa possessiva doente. O casamento atualmente tornou-se seu fardo e as mulheres só sevem para foder com a vida dos homens.

Logo, concluo que o mundo é uma grande foda: mulheres são fodidas para trazerem ao mundo os homens, algumas levam uma vida fodida e como se não bastasse ,como vingança, elas fodem com a vida dos homens. Pura fodelância.

O trabalho dignifica o homem e à mulher mais ainda. Sem trabalho eu não sou nada, já que não nasci em berço de ouro e me casei por amor. Não posso crescer e construir. Nos meus devaneios posso tornar-me uma excelente professora ou fotógrafa ou uma excelente lavadeira.... tudo o que pretendo é recomeçar com dignidade.

Depois do surto em ter deixado meu último emprego colho os frutos de tudo o que fiz. Alguns podres outros nem tanto. Aprendi o que devo considerar como bagagem para a vida e o que devo descartar, sem hesitar. Cansei de falsas oportunidades.

Desculpem-me os psicólogos de plantão, mas não consigo levar a vida numa boa sem trabalho, pois é ele que me faz conquistar as pequenas alegrias do dia a dia, que me faz fazer o outro feliz e que deixa minha vida mais leve.

Tornei-me uma pequena pitbull.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bola pra frente Cunhada!
Pensamento positivo é imprescindivel nestes momentos.
Tenha fé que depois da chuva vem a bonança.
Beijo.
Gisele

Keila disse...

Obrigada pelas palavras de incentivo, cunhada.
juro que estou tentando...
bjs