
Marido sempre me busca no trabalho. Porém, como ele "pega serviço" mais cedo que eu, só tenho carona para voltar pra casa. Para ir enfrento um buzão lata de sardinha e quando atrasada enfrento buzão e metrô lotadérrimos. Vivo falando que transporte público não é de Deus.
Só para completar meu sofrimento, além de bolsa e livro ainda carrego um bendito capacete.
Imaginem a cena: entro no busão lotado, em um ombro uma bolsa, em uma mão um livro e o vale-transpobre e na outra meu capacete azul. Ao passar pela roleta bato o capacete em um banco, ele sai a viseira, tenho que me equilibrar e catar os pedaços da viseira que estão entre as pernas dos passageiros e me equlibrar um pouco mais para montar a viseira. O bus segue seu trajeto.... uma curva e pimba: dou uma capacetada na mulher falante que está confortavelmente sentada. Tento abrir espaço e outra capacetada aqui e outra ali, a viseira cai novamente, até que um bom filho de Deus resolve fazer a caridade de levar meu capacete.
O triste é quando saio mais cedo do trabalho e para esperar o marido resolvo fazer umas comprinhas ou fazer um lanche. Aí minha filha, é um caos: capacete de um lado, livro do outro e sacolas nas duas mãos. Minha vontade é de meter o pé no pobre, quebrá-lo em zilhões de pedaços ou simplesmente colocar na cabeça e sair andando.
É isso: o capacete é a minha cruz!