17 de maio de 2011

Casinha

Sei que n pessoas questionam a funcionalidade de um blog. Pensam que é falta de serviço e exposição demais. Sei também que o meu não exerce nenhuma bonança na vida alheia, a não ser na minha própria e já me dou por satisfeita com minha terapia off.
 Porém, encontrei um desses Blogs que salvam o dia e fazem pensar. Logo, explico.
Sempre morei em casas. Casas grandes, com quintal, varanda, terraço. Casa que tem para onde correr. Quando me casei, fomos morar em um  pequenino apartamento. Adaptar-me ao pouco espaço foi difícil. Viva machucada pelas trombadas que dava nos móveis. Não ter porta de cozinha e secar as roupas dentro de casa me era torturante. Janelas com grades, idem. Passos acima da minha cabeça, aterrorizantes.
Com muito amor fui colocando nosso AP com a nossa cara, tentando valorizar cada cantinho. Precisava me identificar com nosso pequeno espaço. Confesso, que as vezes senti um q de frustração por não termos uma “senhora” casa. Termino por ser mal agradecida por não estarmos no aluguel.
Culpa dos sonhos alimentados por tempos em que poucos podiam ter uma casa e quando conseguiam construíam casas gigantes para a família. Na casa dos meus pais não foi diferente: depois de anos no aluguel  meu pai construiu uma casa grande (para os padrões atuais), com cinco babheiros..
Sonhei com um quintal com uma casinha para o cachorro, rede na varanda, churrasqueira e fogão à lenha. E acabo por me esquecer de valorizar o belo de hoje.
Culpa desse crescimento desenfreado. Crescimento que satisfaz os donos de mansões detentores do capital e que oprime os inquilinos e proprietários de sala e quarto. (Óh! Que felicidade: no nosso caso são dois quartos).
Também fui moldada  a essa sociedade de consumo, onde É aquele que TEM. A necessidade de TER me deixou “muito burra demais”.
Não serei hipócrita. É claro que continuo desejando uma casinha. Mas será que todos os meus esforços de viver bem devem ser concentrados nessa conquista?
Vivo dizendo que uma casa maior permitiria receber mais e melhor os amigos. Mas eles freqüentam a minha casa com qual assiduidade? De três em três meses? E não correria o risco da minha casa tornar-se a casa da mãe Joana e perder  a liberdade em meu próprio lar?
Espaço para os filhos? Filhos que planejo para daqui dois anos? Filhos que assim como os pais estarão em sua casa para jantar e dormir? Espaço para adquirir mais tralhas e equipamentos eletrônicos, espaço para produzir mais lixo e desorganização e ter mais trabalho doméstico?
Espaço para TER e não SER.
Acho que estou me redimindo e miro com olhar carinhoso e agradecido para meu grande lar.
Os amigos? Encontro no bar!
A família? Na casa da mãe e da sogra! (ninguém mandou ter casa grande).
Os filhos? Quando nascerem dá se um jeito.
As tralhas? Acho que não vou precisar de seis aparelhos de jantar e posso praticar o desapego.
Os livros? Bem, esses eu preciso...
Roupas? Posso doar ainda mais.
Comida? Fartura não é sinônimo de comida no lixo.
Filmes? Posso trocar àqueles que já assisti.
Dinheiro? Preciso aprender à usá-lo com responsabilidade e a meu favor.
Inspiro-me nesse novo modelo de lar, é o que temos pra hoje. Repenso os supérfluos do cotidiano e valorizo o que realmente importa na vida: SER.

Vídeo Inspiração:

3 comentários:

Re Vitrola disse...

Gostei muito do seu post... eu ainda sono com a minha casa. A essência dela acho que nunca vou perder... eu moro de aluguel, e fico imaginando uma casa simples, com uma varanda gostosa e cantinhos que posso orgulhar por serem meus. Nda grande, nada chique demais... simplesmente algo próximo do aconchego da melhor casa que já vivi na minha infância.
beijos, e obrigada por seguir o blog... seja muito bem vinda!

Lara Mello disse...

Amiga, nada estar perdido, logo logo vai realizar todos os seus sonhos! Eu moro em apartamento e não curto muito casa! Bju!

Lília disse...

Eu tb queri muito uma casa... é difícil a adaptação em Ap, de quem teve quintal a vida inteira!
Eu tb tive que me adaptar e hj adoro meu Ap.

Beijocas